segunda-feira, 21 de maio de 2012

Final de semana cheio - de dicas!

O final de semana foi recheado de passeios delícia que poderão compensar os dias que não passei por aqui, por motivo de pura preguiça e abstração.

Como ultimamente estamos saindo muito entre amigos ou apenas optando por ficar em casa curtindo o frio, as aventuras gastronômicas e os filmes embaixo da coberta, decidimos fazer programa de casal e sair só nós dois pra qualquer bar da cidade que não fosse pelas redondezas de Laranjeiras, Lgo Machado, Flamengo, Copacabana ou Lapa, pois já freqüentamos demais. Então o desafio era um bar em Botafogo em plena sexta-feira que não tivesse entupido às 21h , horário que consegui chegar da Barra. Primeiro o Igor me levou no Meza bar, o ambiente é lindo, luz baixa, aconchego em forma de bar, mas o problema é que tava cheio demais e as mesas ficavam enganchadas umas nas outras quebrando 80% do clima. Então, pagar caro pra ficar ouvindo a conversa do casal ao lado, eu tô fora! De lá, ele me levou para o BigBen, uma espécie de pub. Mas, e quem disse que tinha espaço? “precisa reservar antes, jovens’. Ok,né? Nesse instante me convenci que iríamos acabar na Cobal! Nada contra o local, pelo cotrário... Mas a idéia era ir a um bar diferente, que nunca fomos. Depois de muitas voltas, acabamos no Bar Plebeu. Ficamos na varanda e tomamos bohêmias estupidamente geladas por preço honesto. Comemos carne de sol com macaxeira e a noite se prolongou cheia de alegria, planos para o festival de jazz em Rio das Ostras e eu pedindo cervejas para a imagem gigantesca do Chaplin que tinha pintada atrás de mim.

SÁBADO

 Sábado o dia amanheceu pedindo passeio. O céu tava tão azul que eu queria fazer tudo ao mesmo tempo, mas acabou dando tempo pra tudo! Primeiro fomos com uns amigos na feira da General Glicério, em Laranjeiras. O clima é super família e agradável. Além da feira de alimentos, tem também feira de artesanatos, barraca de comidinhas e um grupo que toca chorinho por toda a tarde. Cerveja gelada na certa! A questão é que eles não estão se apresentando por lá faz um tempo e dessa vez não foi diferente. De lá, partimos para um bar ainda em Laranjeiras, o Cardosão.



Bar do Cardosão



O clima é bem Santa Teresa... Além do bar ficar no alto (subimos algumas escadarias), as pessoas ficam sentadas em mesas na calçada e lá é servida uma feijoada super cheirosa. Não nos arriscamos em pedi-la porque ainda estávamos cheios do pastel da feira e porque tava uma confusão danada nos pedidos de feijoada! A dica é pedir assim que chegar e não ter pressa. Mas tomamos umas antárcticas geladíssimas por R$5 a garrafa, bom demais! Quando o sol começou a ficar frio, descemos e seguimos rumo ao Bar do Zé, um cantinho delícia que fica na Glória. 


Bar do Zé


O Bar do Zé, que antes era uma mercearia, manteve o clima e estética de bodega. Com poucas mesas e um movimento pequeno durante o dia, o lugar é ideal pra quem quer comer um bom sanduíche de salame e beber uma cerveja gelada entre amigos, na tranquilidade. O clima é bem parecido com a Bodega do Véio, em Olinda. Ah, vale pedir a porção de salame também, além de generosa, as fatias são bem fininhas. Saímos de lá à noite e o bar estava cheio. Nem notamos! Sentados na calçada, entre uma cerveja e outra, um petisco e outro, a tarde passou que nem sentimos! Como Rafael mesmo falou: “que gostoso isso que estamos fazendo”. E foi mesmo. E agora? Bom, como boa pernambucana que sou, a pedida foi Feira de São Cristovão. O Igor já conhecia, mas Rafael e Leo ainda não. Leo também é Pernambucano e ficou fascinado pelo local: “é igual a feira de Caruaru!!!”. E é mesmo! Além de todas as músicas e cacarecos típicos do Nordeste, nos deparamos com uma infinidade de pratos e delícias de lá. Minha vontade era a de comer sarapatel, mas o acarajé que comi mais cedo me fez passar muito mal e não deu pra comer mais nada, aliás, por conta disso o passeio acabou terminando mais cedo do que o esperado! Karaokê e sarapatel ficam para a próxima!

DOMINGO

detalhe para a sandália linda que meu irmão me deu!

E o domingão foi de praia, passeio na orla, almoço no Bar do Beto (linguado com arroz de brócolis e batatas douradas, R$79) e o restante do dia foi no tradicional Bar Urca, com cervejas geladas ( acima do preço R$8), caldinho de frutos do mar delícia (caro mas bem servido R$13), conversa fiada e a vista paradisíaca desse Rio de Janeiro de meu Deus.

Vista fraca da Urca

E que venha o próximo final de semana! Já sinto o cheiro de feijoada de algum lugar, as cervejas geladas de outro e o show de Arnaldo Antunes pra fazer meu coração bater ainda mais forte.

Meza Bar - Rua Capitão Salomão, 69 - Botafogo
BigBen Pub - Rua Muniz Barreto, 374 - Botafogo
Bar Plebeu - R. Capitão Salomão, 50 -Botafogo
Praça General GlicérioPraça Jardim Laranjeiras, 267 - Laranjeiras
Bar do Cardosão - Rua Cardoso Jr, 312 - Laranjeiras.
Bar do Zé - Rua Barão de Guaratiba nº 54
Feira de São Cristóvão - Campo de São Cristóvão, 87
Bar do Beto - Rua Farme Amoêdo, 51 - Ipanema
Bar Urca - Rua Cândido Gaffrée, 205 - Urca

segunda-feira, 7 de maio de 2012

'Bar ruim é lindo, bicho!'

Abaixo, uma crônica de Antônio Prata que combina com esse blog:

'Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem).
No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).
– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?'